Em um evento intitulado “Lições do Brasil: recuperando-se dos retrocessos na luta contra a fome e a desnutrição e os desafios no caminho a seguir”, o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias apresentou para um público seleto de líderes e especialistas as ações estratégicas para o combate a fome que estão sendo desenvolvidas dentro do plano Brasil sem Fome no país.
No evento, o ministro explicou como o governo brasileiro tem agido para restabelecer e atualizar políticas e estruturas de governança participativa, com o apoio da sociedade civil, academia e organismos internacionais. Ele enfatizou que, com a volta do Brasil para o mapa da fome da ONU, a insegurança alimentar tornou-se o principal desafio a ser superado nos próximos anos, afetando mais de 33 milhões de pessoas no país.
“O combate à desnutrição no Brasil serve como o fio condutor que conecta os obstáculos entre saúde, assistência social, educação e participação social. O enfrentamento da desnutrição está ligado ao acesso a alimentos saudáveis, à promoção da proteção social, à promoção da educação alimentar e nutricional e ao fortalecimento da atenção primária à saúde, principal caminho de cuidado para grupos vulneráveis,” afirmou Dias.
José Graziano, ex-diretor geral da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) e que preside atualmente o Instituto Fome Zero, compartilhou lições aprendidas com o sucesso inicial do Brasil na luta contra a fome entre 2003 e 2016. “Em 2003, o Brasil implementou uma série de políticas e estruturas de governança, incluindo a Estratégia Fome Zero, o programa Bolsa Família, programas de apoio à agricultura familiar, e iniciativas educacionais para promover a saúde, como a alimentação escolar. Essas ações contribuíram para o sucesso do país no combate à fome”, relembrou. “Hoje, porém, posso dizer que a situação é mais complexa e o desafio muito maior do que o que encontramos em 2003”.
A secretária extraordinária de Combate a Fome do MDS, Valéria Burity, foi a mediadora do debate e enfatizou que a troca de ideias e conselhos para a superação de desafios no combate à fome no mundo garante um fortalecimento para as políticas de segurança alimentar e nutricional, na medida em que permitem a escolha de caminhos com resultados mais efetivos.
Para Anne Kepple, especialista em segurança alimentar e nutricional da FAO, a posição do Brasil, apresentada pelo ministro Wellington Dias, expôs a evolução dos números da subnutrição e da insegurança alimentar no Brasil, de acordo com o monitoramento realizado pela FAO, e elogiou o compromisso do país em enfrentar o problema da insegurança alimentar e nutricional, bem como sua disposição de trabalhar em parceria com atores internacionais e locais para alcançar uma solução duradoura.
Nas agendas oficiais ao longo do dia, o ministro Wellington Dias realizou ainda uma série de reuniões bilaterais com líderes e representantes de outros países e instituições. A pauta girou em torno de ações estratégias para combater a fome e promover a agricultura familiar.
A primeira foi com a vice-diretora geral da FAO, Maria Helena Semedo e Máximo Toreo, economista chefe da FAO, com quem tratou da cooperação internacional do Brasil e dos vínculos entre meio ambiente, agricultura e segurança alimentar, com destaque para os desafios na região Amazônica.
Logo depois, o ministro se encontrou com a ministra da Agricultura da África do Sul, Angela Thokozile Didiza, e a Presidente Eleita do Comitê de Segurança Alimentar Mundial, embaixadora Nosipho Nausca-Jean Jezile, com as quais tratou de manter a parceria e os entendimentos para o reforço do papel do Comitê na governança internacional da segurança alimentar e nutricional, de forma conjugada com o desenvolvimento de uma aliança global contra a fome e a pobreza, no âmbito da presidência brasileira do G20, para reforçar as capacidades técnicas e financeiras em nível nacional, para apoiar a implementação das melhores políticas e práticas e das diretrizes internacionais aprovadas no CSA.
Dias se encontrou ainda com o presidente do FIDA (Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola), Alvaro Lario, com quem tratou de estratégias de reforço a programas de apoio à agricultura familiar no Brasil, e da elaboração do próximo programa-país da instituição, celebrando a ampliação do leque de programas do Fundo no país.
Fonte: Ascom/Pi.gov